Orientações para pacientes em uso da Bota de Unna
para controle do edema e tratamento da insuficiência venosa crônica
A Bota de Unna é um recurso terapêutico fundamental no tratamento de feridas crônicas de causa venosa ou linfática e no controle do edema (inchaço) das pernas, que é um dos maiores inimigos da cicatrização.
Ela funciona como uma bandagem especial que combina curativos sobre a ferida e uma camada de compressão externa, ajudando a melhorar o retorno venoso e acelerar a cicatrização.
1. Como é composta a Bota de Unna
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Curativo primário: colocado diretamente sobre a ferida (tela não aderente, carvão ativado, alginato, entre outros).
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Bota de Unna: aplicada em forma de enfaixamento desde a base dos dedos até logo abaixo do joelho, na posição semelhante à de uma meia elástica ¾.
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Proteção externa: gazes estéreis ou algodão cirúrgico sobre a ferida já coberta, fixados com atadura de crepom.
Resumo das camadas: curativo sobre a ferida + Bota de Unna + proteção externa (gaze/algodão) + atadura de crepom.
2. Tempo de permanência
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A Bota de Unna pode permanecer de 2 a 7 dias, dependendo da avaliação médica.
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Esse período pode variar conforme a evolução da ferida e a quantidade de secreção.
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A troca da bota só deve ser feita pelo médico ou profissional de saúde capacitado.
3. Secreção da ferida
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É esperado que o líquido da ferida (exsudato) atravesse as camadas até atingir as gazes externas.
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As gazes e a atadura de crepom devem ser trocadas sempre que ficarem úmidas.
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Feridas maiores podem exigir trocas diárias; já lesões menores podem ficar vários dias sem necessidade de troca.
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A Bota de Unna em si não deve ser retirada em casa.
4. Mau cheiro
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Pode ocorrer em feridas grandes e com muito exsudato.
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Isso não significa necessariamente infecção.
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Nestes casos, trocas mais frequentes das gazes ajudam a reduzir o odor.
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Em algumas situações, podem ser usadas coberturas específicas, como carvão ativado, para controlar o cheiro.
5. Cuidados no banho
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A bota não pode ser molhada.
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Utilize sacos plásticos bem vedados ou dispositivos próprios, encontrados em lojas de materiais médicos e ortopédicos, para proteger o curativo.
6. Sintomas comuns
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Coceira: pode ocorrer; relate ao médico. Algumas vezes há necessidade de medicamentos ou uso de malhas especiais.
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Dor: é comum no início e tende a melhorar à medida que o inchaço reduz. Caso necessário, converse sobre analgésicos.
7. Atividades recomendadas
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Caminhar é permitido e recomendado: ativa a panturrilha e melhora a circulação.
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Evite longos períodos em pé parado ou sentado.
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Sempre que possível, descanse deitado, com as pernas levemente elevadas.
8. Sinais de alerta
Procure seu médico imediatamente se houver:
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Dor intensa e persistente.
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Inchaço súbito e desproporcional em uma das pernas.
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Febre ou calafrios.
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Vermelhidão intensa ou piora rápida da ferida.
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Odor muito forte associado a dor e piora do aspecto da lesão.
9. Reforço final
O sucesso do tratamento depende da sua adesão ao uso da Bota de Unna e do acompanhamento médico regular.
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Nunca tente retirar ou reaplicar a bota por conta própria.
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Em alguns casos, pode ser necessário tratar também a doença venosa de base, como as varizes, utilizando técnicas específicas (por exemplo, espuma densa ecoguiada).